Dois anos antes...
- Marta, eu não vou a esta festa! – diz Laura, nervosa.
- Mas, Laura, você não pode ficar em casa para o resto da sua vida! Foi apenas um relacionamento que terminou, apenas isso... Você é jovem, bonita, só precisa se cuidar um pouco mais...
- Quem disse que eu sou bonita? Nunca fui, não é agora, e principalmente agora que vou ficar bonita, você não tem noção de como eu me sinto...
- Escuta! Cala a boca! Pare de tanta auto-piedade, pare de se sentir tão injustiçada, “pobre Laurinha o mundo é contra a pobrezinha, todos estão aqui para zombar e destruí” – vê se cresce! Você já é uma mulher adulta e não é uma separação que vai te destruir, você tem q ficar feliz, não teve filhos com aquele ser repugnante, e ainda mais, você deveria ter dado graças por ter pegado isso enquanto é jovem, e não quando tivesse vivido uma vida com ele! Você foi privilegiada! - Marta diz de forma muito irritada.
- Marta, não precisa falar assim comigo – choraminga Laura.
- Ah se tivesse um botão para desligar essa burrice de dentro da tua cabeça, eu abriria agora mesmo e apertava! – continua Marta – Mas, quer saber? Eu vou embora, não preciso ver você sofrer assim, gosto demais de você para isso – saindo do apartamento de Laura.
Laura então se vê no espelho e decide correr atrás de Marta, ao vê-la esperando o elevador – Marta, volta – diz Laura, e Marta a olha e sorri.
No quarto de Laura, roupas por todos os lados, Laura esta experimentando vestidos para a festa, mas nada agrada a Marta, que resolve então, pegar uma tesoura e ajusta um vestido verde, junto ao corpo de Laura.
- Vamos ver como você vai deixar todos os homens de boca aberta – diz Marta, sorrindo e ajustando o vestido.
- Os homens de boca aberta e eu também, mas é tentando respirar – responde Laura.
- Pare de besteira, você vai continuar viva, e a festa estará muito mais animada com esse decote farto e pare de reclamar por que ainda vou vestir o meu vestido e nós temos que nos maquiar! – resume Marta.
O táxi para frente ao hotel, Marta e Laura descem, e logo são admiradas pelos guardadores de carro, que comentam entre si, a perfeição da dupla.
- Ai que vergonha, tem gente comentando de nós – diz Laura, mostrando arrependimento.
- Isto só significa que temos que emagrecer um pouco, e se lembre sempre do velho ditado “Se passando diante de um prédio de construção ouvir um “gostosa”, esta na hora de perder três quilos, agora, se vier com um assovio, então esta na hora de perder cinco quilos – Marta diz aos risos.
Taça de champanha, nas mãos, a dupla é o centro das atenções na festa, causando certo desconforto de algumas mulheres que tinham este objetivo.
- Eu não sei o que eles vêem nestas duas, olhe para os cabelos? Quem foi que fez isso na cabeça dela? – diz uma das mulheres.
- O que foi feito, eu não sei, mas elas devem estar usando um daqueles feromônios, por que os homens estão feitos abelhas em pão doce – responde outra, com ares desafiante.
- Mas meninas fiquem tranqüilas, elas devem ser profissionais, e os homens sabem reconhecer uma profissional do prazer a anos luz. – fala a terceira, com ar de sabedoria – Vou providenciar a retirada de ambas, a brincadeira acabou! – dirigindo-se a Marta e Laura, diz superior – Vocês duas, eu não as conheço. O que fazem aqui?
- E a senhora é a famosa quem? – responde Marta, já compreendendo os motivos da vinda daquela mulher.
- Sou Cândida Marques de Louzada, viúva de Marcio Louzada, fundador da Brazzac aqui no Brasil, e eu não a conheço, portanto, volte para o buraco de onde surgiu, antes que eu seja obrigada a chamar os seguranças.
- Claro, claro, claro, será um prazer conhecer seus seguranças, são aqueles que fazem trabalho fora de hora, não é mesmo? Pode falar, somos mulheres adultas – diz Marta com extremo sarcasmo – Mas antes, deixe que eu me apresento, Marta Camillo Linz, advogada do banco que adquiriu a empresa que seu falecido e tão amado esposo fundou e depois de erros infantis, deixou quebrar e por isso se matou. E esta ao meu lado é a Laura Resi, jornalista do Grupo Notícia do Dia, responsável por diversas áreas, inclusive a coluna social, área em que faremos questão da senhora participar novamente. Ainda mais hoje que Laurinha me informou em primeiríssima mão que eles vão colocar uma coluna retratando as mal vestidas.
- Como ousa? – surpreende-se Cândida.
- Informação, minha cara – diz Laura – informação. Atualmente o poder da informação é algo surpreendente e que pode tanto iniciar quanto concluir uma guerra.
- Cândida, minha cara, Cândida, eu acredito que devamos ser grande amigas, pois uma inimizade, atualmente, seria fatal para suas contas, aliás, seria fatal se elas caíssem na imprensa. – conclui Laura.
Ao perceber que Laura e Marta não estavam blefando, Cândida abre um sorriso para ambas dizendo – Minhas queridas, ainda bem que vocês têem senso de humor, como minhas amigas mesmo falaram, é um prazer enorme tê-las aqui em nosso convívio, chamarei minhas amigas para apresentá-las formalmente – se dirigindo em seguida para as amigas diz – Liana e Beth, essas duas vadias são piores do que eu imaginava, mas teremos que engoli-las como boas amigas, até conseguirmos derrubá-las, então, vamos lá, sempre simpáticas.
Liana e Beth, juntas a Cândida sorriem com Laura e Marta, banhadas a champanha e futilidades, então Laura conversa ao pé de ouvido de Marta – Vou ao banheiro, vem comigo – Marta sorri as três mulheres e segue com Laura.
- Esse tipo de gente é incrível! São tantas futilidades por segundo, que a minha quilometragem agora foi longe! – ri Laura, retocando o batom.
- Minha amiga é incrível como elas são falsas, provavelmente devem estar estudando uma forma de armar algo contra nós – comenta Marta.
- Mania de perseguição, gata – ri Laura, que é observada com surpresa por Marta – Claro que estão, mas e a capacidade para fazer? Isso não tem, ou melhor, até tem, mas vai demorar tanto para descobrirem como fazer...
- Laura, por isso que sou tua amiga, e quero continuar para sempre! – diz Marta, aos risos.
Saindo do banheiro, Laura se esbarra com um homem, derrubando sua margarita em seu blazer – Ah desculpa! Que desastrada! Tire o blazer, vamos procurar alguém da limpeza para darmos um jeito nisso! – diz Laura, envergonhada.
Marta que estava ao lado sai em busca de ajuda, quando o homem tocando as mãos de Laura, diz – Bem, eu não gostava nem um pouco deste blazer, mas ao menos ele teve um final feliz, bem que eu gostaria de morrer nadando em margarita – aos risos.
- Maluco! – ri-se Laura – prazer, sou Laura Resi do GND.
- Ah, então é por isso! – gargalhando – Prazer, sou Pierre Dagin...
- Ah, bem, então eu era do GND – Laura, ri, tentando disfarçar o desconforto.
- Não me lembro de você, mas tudo bem, fico conhecendo agora, e estou contente por você ter vindo a esta magnífica festa. – diz Pierre, confortando Laura pelo embaraço.
- Senhor Pierre, agora estou reconhecendo o senhor, desculpe novamente, e não precisa se preocupar, eu mandarei ao tintureiro e mando entregar no escritório mesmo, na sala do senhor.
- Senhor? Não sou tão mais velho que você...
- Desculpe-me, mas o senhor é diretor da empresa que eu trabalho...
- Tudo bem, eu te mando embora agora mesmo, sem problemas, mas agora me chame apenas de Pierre... – se aproximando de Laura.
- Preciso levar seu blazer... – diz Laura apontando para o lado inverso ao de Pierre.
- Sua amiga foi buscá-los, não se preocupe, já que você não participa mais do grupo, aceita uma dança comigo? – tocando a mão de Laura.
- Se você me mandar embora, eu aceito...
Pierre beija Laura.
Marta chega com uma copeira, e se depara com a cena, fala com a copeira – Ela havia planejado isso há anos, derrubar bebida no melhor pedaço de homem da festa é uma tática infalível.
- E invejável... – comenta a copeira que pega o blazer do chão, onde Laura deixou cair, enquanto é observada por Marta
Marta segue para a pista, e resolve dançar, afinal de contas, a amiga já esta em boas mãos, na pista, ela percebe que um jovem, aparentemente mais novo, a observa, então, ela resolve dançar para o jovem, e este corresponde, dançando para ela, e se aproximando num jogo de sedução, até o momento em que se tocam e se beijam. Enquanto Laura já esta sentada, conversando com Pierre, os dois já se entendiam com harmonia, quando Cândida os vê e vai ao encontro do casal.
- Agora entendi, parabéns querida.
Laura se irrita com a entrada de Cândida e Pierre percebe e diz – Você tem problemas com a dona Cândida?
- Na verdade, não, acho que ela tem problemas comigo, pois é a primeira vez que nos vemos e ela veio de forma meio agressiva, e Marta e eu, respondemos à altura, mas não vamos nos preocupar com isso agora, temos coisas mais importantes que podemos fazer, não acha?
- É, eu acho que essa festa já acabou, e que devemos ir, não acha? – questiona Pierre com olhar de outras paixão.
Laura então se levanta e diz – Vamos.
